sábado, 9 de julho de 2016

Voz

Olha para a tua esquerda. Olha para a tua direita. O que vês? Pessoas. Pessoas que sabem. Pessoas que sabem o quê? Pessoas que sabem o que fazem. Sabem para onde querem ir e para onde vão. Sabem estar, sabem ser... humanas. Não vês lixo, lixo de gente. Não vês dejectos bípedes pois não?
O que é que tu fizeste para estar aqui? Volta para o chão que te pariu, anormal.
O quê que estás aqui ainda a fazer?! Olha para eles. OLHA PARA ELES, SEU ANIMALZINHO NOJENTO! Eles estão aqui porque merecem estar aqui. Ninguém te quer aqui. Vai-te embora, cão. Rodapé da humanidade. O teu lugar não é aqui, com as pessoas. O teu lugar é com as doenças dos ratos; para ver se te despachas.
Vai!
Livra-nos!

quinta-feira, 7 de julho de 2016

A Pastilha

A cabeça conta histórias.
Histórias de embalar.
O corpo escuta as histórias
Até acreditar.
E quando a noite chega
E quando a vontade falha,
O corpo só quer dormir
Enquanto a cabeça ralha.
Já fui por aí.
Sou sol nado e sol posto.
Já passei o que não vivi.
Já vivi a contragosto.

Engole a pastilha.
Engole a pastilha.
Engole a pastilha.
Engole a pastilha.

A cabeça sabe o que faz.
Sabe o corpo com a certeza
De quem já não olha para trás
De quem esconde debaixo da mesa.
E cala a voz,
Deixa-te dormir.
Há lugares bons a visitar.
E cala a voz,
Deixa-te ir.
Há um lugar à beira-mar.

Engole a pastilha.
Engole a pastilha.
Engole a pastilha.
Engole a pastilha.